Interação entre medicamentos: mantenha-se alerta

É essencial estar informado sobre cada um dos medicamentos que toma e os efeitos que podem ter quando combinados com outros fármacos. Zele pela sua segurança.

O percurso que um medicamento faz até chegar às suas mãos é extenso e complexo para garantir eficácia e segurança. Contudo, por vezes uma simples toma pode ser prejudicial. Para além de casos de alergia ou intolerância, existem situações em que a ação do medicamento pode ser modificada por outro medicamento. Esta interação pode anular, reduzir ou potenciar o efeito de um dos fármacos, alterar o seu metabolismo ou excreção e, ainda, provocar efeitos secundários indesejáveis. É vital estar informado sobre a medicação para garantir uma toma segura.

Por que acontece?

A interação entre medicamentos pode ter origem na composição dos diferentes fármacos, presença de princípios ativos semelhantes (aumentando a sua expressão no organismo) ou incompatíveis, mas também pode estar associada ao estado de saúde da pessoa, se tem outras patologias ou fragilidades. Existem vários grupos de risco como os idosos ou pessoas com doenças cardiovasculares, VIH, insuficiência cardíaca avançada, múltiplas patologias. O risco é maior em situações de internamento e quando o número de fármacos administrados é elevado.

Combinações arriscadas

Uma das classes de medicamentos mais documentadas neste âmbito é a dos antibióticos que, por exemplo, podem interferir na eficácia da toma de contracetivos orais (“pílula”), ter impacto a nível renal se combinados com ibuprofeno (AINE) ou potenciar efeitos adversos de anticoagulantes ou anti-histamínicos. Outras 2 classes suscetíveis de provocar interações são os antifúngicos e os antivirais, que apresentam interações com grande parte dos medicamentos tendo efeitos ao nível da eficácia dos mesmos. A Food and Drug Administration (FDA), a entidade reguladora de medicamentos nos EUA, faz ainda outras recomendações: a toma de antiácidos pode ser desaconselhada a quem tem problemas renais, e a de antieméticos (para combater o enjoo) pode ser prejudicial para pessoas com problemas respiratórios ou glaucoma, bem como para quem toma calmantes. Já o recurso a anti-histamínicos pressupõe que se alerte o médico caso tome igualmente anti-hipertensores ou antidepressivos. O uso de descongestionantes nasais e broncodilatadores pode ser nocivo para quem sofre de problemas cardíacos, da tiroide ou tem tensão arterial alta.

Sinais de alarme

As reações provocadas pela interação medicamentosa variam consoante as patologias e fármacos associados. Em certos casos, podem levar a sensação de sedação ou, pelo contrário, à alteração do ritmo cardíaco. Outros sintomas que podem indiciar este tipo de problema são: dores de cabeça, náuseas, tonturas e fadiga. Por vezes, a ação adversa da toma de vários fármacos pode originar alterações intestinais (obstipação ou diarreia), fraqueza muscular, tremores, ansiedade ou descida da tensão arterial. Dado que muitos dos sinais de alarme são sintomas pouco específicos ou comuns a outras patologias (mas que podem levar a problemas de saúde graves), é aconselhável que avise o seu médico se, ao longo do tratamento, verificar qualquer alteração ou reação do organismo fora do comum ou sem causa aparente.

Como prevenir

O conhecimento e a vigilância são os pilares de uma toma segura. É fundamental evitar a automedicação e seguir sempre as orientações do seu médico para que o tratamento seja eficaz e seguro. Em consulta, informe sempre o seu médico sobre outros medicamentos ou substâncias que esteja a tomar, mesmo que sejam suplementos, vitaminas ou produtos naturais. Aproveite para questionar sobre eventuais interações que podem ocorrer com o fármaco indicado e outros medicamentos, alimentos ou patologias. Sabe-se, por exemplo, que o chocolate interage com alguns componentes dos antidepressivos. Antes de tomar um fármaco leia atentamente o folheto informativo e, caso tenha dúvidas, consulte o seu médico ou farmacêutico.

A interação medicamentosa é um problema comum que pode ter consequências sérias para a saúde. Manter uma boa relação de diálogo com o seu médico, para informar e esclarecer dúvidas, ler atentamente o folheto informativo e vigiar o aparecimento de eventuais sintomas de mal-estar é essencial.


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